quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A oração de um ateu


Fui criado em um lar onde religião nenhuma era admitida. Durante minha infância não recebi qual­quer educação religiosa e com a idade de 14 anos já me considerava ateu. ... Aos 14 anos estava eu tão convencido do ateísmo como os comunistas hoje. ...
Apesar de ateu, alguma coisa inexplicável sempre me atraía às Igrejas. Era-me difícil passar por um tem­plo sem que lá entrasse. Entretanto, nunca entendi o que se passava em tais igrejas. Prestava atenção aos sermões, contudo eles não apelavam ao meu coração. Tinha certeza de que não havia Deus. Odiava a idéia de Deus como Senhor a quem eu tinha de obedecer. Odiava a noção errada d’Ele, que tinha em minha mente. Gostaria, porém, imensamente de saber da existência de um coração meigo em algum lugar no centro do uni­verso. ...
Sabia que não existia Deus, porém sentia-me triste com a idéia de que tal Deus de amor não existisse. Certa vez, em minha íntima luta espiritual, entrei em uma Igreja Católica: vi ali gente de joelhos, dizendo al­guma coisa. Então pensei em ajoelhar-me junto a eles, tentando entender o que eles estavam dizendo, e repeti as rezas para ver se algo me aconteceria. Eles rezavam à Santa Virgem: "Ave Maria, cheia de graça". Repeti as palavras com eles muitas vezes, olhei para a está­tua da Virgem Maria, porém nada me aconteceu. Fiquei muito triste com isso.
Um dia, mesmo sendo ateu muito convicto, orei a Deus. Minha oração foi mais ou menos assim: "Deus, eu sei com certeza que Tu não existes. Porém, se por acaso Tu existires, o que eu duvido, não é minha obri­gação acreditar em Ti; é tua obrigação Te revelares a mim". Eu era ateu, porém o ateísmo não dava paz ao meu coração.
Foi nessa hora de tormenta íntima — como vim a descobrir depois — que em uma vila nas montanhas da Romênia, um velho carpinteiro orava assim: "Meu Deus, eu Te servi na terra e desejava ter minha recom­pensa tanto na terra como nos Céus. E a minha recom­pensa deve ser que eu não morra antes de ter trazido um judeu para Cristo, porque Jesus era do povo judeu. Porém eu sou pobre, velho e doente. Não posso ir em busca de um judeu. Em minha vila não há judeu algum. Traze um judeu à minha vila e eu farei o melhor que puder para levá-lo a Cristo".
Algo irresistível levou-me àquela vila. Nada tinha para fazer ali. A Romênia tem doze mil vilas. Porém eu fui àquela vila. Vendo que eu era judeu, o carpinteiro me cortejou como nunca uma bela jovem havia sido cortejada. Ele viu em mim uma resposta às suas ora­ções e deu-me uma Bíblia para ler. Eu a havia lido antes várias vezes por motivos culturais. Porém a Bí­blia que ele me havia dado era de um tipo diferente. Como me disse depois, ele havia orado horas a fio, jun­tamente com sua esposa, pela minha conversão e a da minha senhora. E a Bíblia que ele me deu fora escrita, não tanto com letras, mas com chamas de amor ateadas por suas orações.   Eu mal podia lê-la.   Apenas chorava sobre ela, comparando minha vida má com a vida de Jesus; minha impureza com Sua pureza; meu ódio com Seu amor; e Ele me aceitou para ser um dos Seus!

(RICHARD WURMBRAND.  Torturado por Amor a Cristo. VOZ DOS MÁRTIRES, 1976. p. 9)

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